segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Eduardo Suplicy e a cueca vermelha


Nem tudo ficou perdido no fim de semana de plantão em que aconteceu de tudo no Rio de Janeiro. Mas enquanto as chamas tomavam conta da cidade, eu tive a sorte de atender o telefone da redação, domingo, por volta das 17h, e ter o prazer de conversar com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Educado, lento e aflito, o querido parlamentar concedeu-me uma entrevista, publicada hoje na página 4, de O Globo, sobre a polêmica cueca vermelha.

Leia abaixo a reportagem:

Vermelho agora é de arrependimento

Suplicy pediu e conseguiu que cena polêmica não fosse ao ar

Por Cássio Bruno

Depois de provocar polêmica e se ver ameaçado de responder a processo por quebra de decoro pelo corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu à direção do pro-grama “Pânico na TV”, da Rede TV!, que não exibisse ontem a entrevista na qual ele aparece vestido com uma cueca vermelha. A emissora aceitou a solicitação e não levou ao ar as imagens do parlamentar usando o calção, registradas no Senado na última quarta-feira. A brincadeira com o se-nador foi feita pela apresentadora e ex-“BBB” Sabrina Sato, para o seu quadro “Sabrina no Congresso”, do “Pânico”.

“Fiz o apelo para não colocarem aquela parte que gerou a polêmica. Eles resolveram atender ao meu pedido, sobretudo porque afirmaram que de maneira alguma tiveram a intenção de provocar qualquer ofensa ou di-minuição da minha imagem ou do Senado Federal”, diz a nota de Eduardo Suplicy.

Na nota, Suplicy disse ainda ter visto como ficou a edição da matéria: “Em vista do mal-entendido, todavia, reuni-me ontem (sábado) à noite com os responsáveis pelo pro-grama, os quais tiveram a gentileza de me mostrar como ficou editado para ser transmitido na noite deste domingo. E que, caso eu avaliasse que não devesse ir para o ar aquela cena que acarre-tou a interpretação de que poderia ter havido qualquer falta, ainda que leve, que, então, não a transmitiriam”.

Sabrina Sato abordou Suplicy no Salão Azul, perto da entrada do gabi-nete da presidência do Senado. Ela, então, disse que o senador se parecia com Clark Kent, o Super-Homem, e lhe entregou a cueca. Num primeiro mo-mento, o senador resis-tiu, mas, diante da insistência, topou a brincadeira. Ele teve a ajuda da própria apresentadora para vestir a peça vermelha sobre a calça escura do terno. E, como se fos-se o próprio Superman, desceu correndo pela es-cada que dá acesso ao andar térreo do Senado.
Após o episódio, Supli-cy foi criticado duramente por colegas da Casa. Ontem, mostrou-se arrependido de ter usado a sunga.

— Vários senadores foram entrevistados com bom humor. Todos eles receberam bastões luminosos, imitando super-heróis. Aceitei a brincadeira. Mas eu não deveria ter feito aquilo. Deveria ter dado apenas a entrevista. Mas aconteceu. O que posso fazer? — lamentou.

Em agosto, Suplicy protagonizou outro episódio polêmico ao pedir a renúncia de José Sarney (PMDB-AP) do cargo de presidente do Senado mostrando em plenário um cartão vermelho, referência ao procedimento utilizado por juízes de futebol para expulsar um jogador.


Além da entrevista, Suplicy me mandou um e-mail, que eu mostro aqui na íntegra:

Sobre o Encontro com Sabrina Sato no Senado

Em vista dos mal entendidos havidos com respeito à entrevista que concedi à Sabrina Sato, repórter do programa “Pânico”, da Rede TV, que levou o corregedor do Senado, Senador Romeu Tuma, antes mesmo de conversar comigo, anunciar que poderia abrir uma sindicância para averiguar se houve qualquer ofensa ao decoro parlamentar de minha parte, esclareço:

Na última quarta-feira, por volta das 18,30 hs, quando saí do plenário do Senado, junto à escada que é o caminho para o meu gabinete, eis que encontrei a Sabrina Sato com a sua equipe da Rede TV. Solicitou-me que respondesse a uma pergunta, se eu considerava que havia heróis no Senado. Respondi que havia muitos senadores que eu respeitava e admirava pela maneira como defendem os seus ideais. E o senhor, senador, tem algum sonho que gostaria muito que fosse realizado? Respondi que ela conhece o quanto que tenho batalhado para que em breve no Brasil possa ser instituída a Renda Básica de Cidadania, o direito de todos em nosso país receberem uma renda na medida do possível suficiente para atender as necessidades vitais de cada um. Que já havia conseguido fazer a lei ser aprovada e sancionada, que agora será implementada, por etapas, a critério do Poder Executivo, começando pelos mais necessitados, como o faz o Bolsa Família. Então, disse-me Sabrina, o senhor é o meu herói. Gostaria de lhe dar de presente uma roupa de super-homem. Tirou da sacola de seu assessor um calção vermelho e me deu. Agradeci. Ela então insistiu que queria que eu o vestisse. Alertei-a de que isso poderia resultar em problema. Ela insistiu, de maneira muito amável, dizendo que não haveria problema, uma vez que eu estava de terno. Ponderei às pessoas que assistiam, ali cerca de 30, que se alguém sentisse como algo inadequado, que dissesse. Não houve quem se sentisse ofendido. Por poucos segundos, o tempo para logo descer a escada e tirar o calção, de fato o vesti, conforme foi objeto de fotografias.

Estou de acordo, conforme tantos amigos me disseram, que teria sido melhor não ter atendido o insistente apelo de Sabrina. Tenho a convicção que não houve tanto da parte da equipe daquele programa, ou de minha parte, qualquer intenção de ferir a imagem do Senado Federal.

Em, vista do mal entendido, todavia, reuni-me ontem à noite com os responsáveis pelo programa da Rede TV, Emílio Surita e Alan Rapp, os quais tiveram a gentileza de me mostrar como ficou editado para ser transmitido na noite deste domingo. E que caso eu avaliasse que não devesse ir para o ar aquela cena que acarretou a interpretação de que poderia ter havido qualquer falta, ainda que leve, que então não a transmitiriam. Ali pude observar que a parte “Sabrina no Congresso” é composta de diversas entrevistas, com muito bom humor, da qual participam os Senadores, Wellington Dias, Marina Silva, Cristovan Buarque, Flávio Arns, Pedro Simon e outros parlamentares, incluindo o aceno do Presidente José Sarney. Fiz o apelo para Emílio Surita e Alan Rapp para não colocarem aquela parte que gerou a polêmica. Eles resolveram atender o meu pedido, sobretudo porque afirmaram que de maneira alguma tiveram a intenção de provocar qualquer ofensa ou diminuição da minha imagem ou do Senado Federal.

Agradeci a decisão tomada por eles.

Senador Eduardo Matarazzo Suplicy
São Paulo, 18 de outubro de 2009

E mais: a repercussão da minha matéria no site da Revista Imprensa...

Publicado em: 19/10/2009 09:30

Após polêmica, "Pânico na TV!" deixa de exibir desfile de sunga protagonizado por Suplicy

Redação Portal IMPRENSA

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) conseguiu tirar do ar cenas em que aparece vestindo sunga, imitando um super-herói no programa "Pânico na TV!". Depois de encontro com produtores da atração, exibida aos domingos na RedeTV!, o petista realizou pedido para que as imagens não fossem para o ar, por temor da abertura de processo por quebra de decoro parlamentar.
O polêmico incidente foi gravado na última quarta-feira (14) nas dependências do Senado, e durou cerca de um minuto. A vestimenta e o desfile trajado de sunga foram feitos pela apresentadora do programa, a ex-BBB Sabrina Sato, que disse ter reconhecido no senador semelhanças com o personagem Clark Kent, do filme "Super-Homem". Em nota, Suplicy ressaltou que só desfilou com o calção sobre a calça nas dependências do Senado após pedido "amável" da apresentadora.

"Ela (Sabrina) então insistiu que queria que eu vestisse. Alertei-a de que isso poderia resultar em problema. Ela insistiu, de maneira muito amável, dizendo que não haveria problema, uma vez que eu estava de terno", detalhou Suplicy.

Ainda de acordo com o senador, os produtores do programa acataram o pedido porque não "tiveram a intenção de provocar qualquer ofensa ou diminuição da minha imagem ou do Senado". No texto, Suplicy ainda diz que deveria ter recusado o insistente pedido de Sabrina.
Em contrapartida, o corregedor da Casa, Romeu Tuma (PT-SP) não descarta a possibilidade de abrir sindicância, por considerar que "imagem de seriedade" do Senado possa ter sido arranhada pelo o incidente. A informação é do jornal O Globo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário